Nunca fui a um velório em que houvesse lembrancinhas. Sabe aquelas lembrancinhas que, muitas vezes, ganhamos nos aniversários, formaturas e casamentos? Pois então, cadê as lembrancinhas dos velórios? No máximo, o que já recebi foram marca-páginas com mensagens religiosas (o que não é problema algum?). Além disso, sempre há um livro (como o livro-ponto dos funcionários de antigamente) no qual solicitam o nosso endereço. Sério mesmo! O endereço! Pra quê? Que tipo de coisa irão me enviar?
Ontem, conversando com um casal de amigos (Vagner e Camila), essa ideia me veio à cabeça. A Camila falou sobre uma “plaquinha” que entregaram para os “participantes” do velório de um tio querido. Na plaquinha estava escrito uma frase muito representativa do falecido: “tôcada dia melhor”. Não é genial? Aí comecei a pensar no que seria escrito nas minhas lembrancinhas, sim! No plural, LEMBRANCINHAS! Porque, do alto daminha prepotência, haverá mais de uma pessoa no meu velório (risos). Pensei em algo engraçado, do estilo: te espero com um latão de Kaiser!, ou pior: viu só o que resultou do Malboro? Poderia também ser algo mais divertido, como: desculpa, mas não vou no teu! Ainda pensei no Belchior: “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro!”
Independente de qualquer coisa, as lembranças existem, nem que que sejam apenas na memória (e viva a redundância). Velório é sobre morte. Esta semana já é Natal. Natal é nascimento. Olha o paradoxo de novo! Na verdade, não o é. Morrer também é uma forma de renascer, ainda que seja na eternidade! Que todos nós possamos nos lembrar de algo, que todos nós possamos morrer para renascer, quer todos nós possamos ser eternos!
Um feliz nascimento a todos!